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Oitenta e sete

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noutras horas recordo
as nossas almas ardendo
no quebrar cristalino do silêncio
pelos suspiros que se fizeram som
relembrando que estamos vivos

no teu peito adormecendo
sou eu a onda do mar que se desfaz
se agita e se desperta
nas marés dos teus dias

sei já todos os caprichos da luz
quando em ti se consagra
espreitando devagar pelo vidro
e até ela te beija

fechados entre quatro paredes
escapamos aos deuses
e somos eternos
em momentos… por segundos.

e vivemos
abalroando as galáxias
e bebendo os mundos

no tocar dos lábios
e no trocar das almas
que se unem em sobressalto

no medo constante
que a vida nos leve
para longe de nós

as luzes da cidade
olham para mim sem vergonha
de me levarem os pensamentos
lembrando-me que vida me espera
e que o relógio nunca mente

por isso te confesso, hoje,
que me agarro às memórias
quando me falta o teu corpo
e é nelas que me adormeço
quando o mundo me assusta

são agora oitenta e sete
os segundos que nos faltam
e, fico, presa nesse tempo
contando-os um por um
até a mim mesma,
por fim, regressar
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Cristalee's avatar
Parece que há uma quebra qualquer entre o primeiro e o segundo verso da 2ª estrofe. De resto, gosto :)

"Noutras horas recordo
As nossas almas ardendo
No quebrar dos silêncios"