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O regresso

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Bebo-te dos lábios o sabor
Dos dias que me marcam
Por serem dias de verdade
Dias com valor

E se sei que vais chegar
No bater das horas da tarde
Sou feliz desde o acordar
Sem mais ser preciso

Passo os minutos que faltam
No espelho a excruciar
Os cabelos desalinhados
Os olhos cansados

Tudo para que me lembres
Como a visão divinal
Uma dádiva prometida
Que há-de regressar
Sem nunca ter tido
Sequer uma partida

E quando chegas é o regresso
De onde nunca deveria ter saído
Um corpo enternecido
Pela paz que o inunda

E o sorriso surge
Sem a devida consciência
Quando o tempo urge
Em não passar

E trocamos almas nos beijos
Que trocamos
E juramos
Juras existem
Na ausência da voz

E quando me dás a mão
Sinto cavalos bravios
A galoparem-me no peito
Com o ritmo e a precisão
De um descompasso
Que se fez música

E sou feliz até ires embora
E sou feliz depois
Porque sei que vais voltar
E que estás mesmo onde
O corpo não te deixa estar

E sou assim
Estupidamente feliz
Penso que finalmente o meu bloqueio está a passar.
© 2013 - 2024 Coffeeletters
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Faria-R's avatar
Que texto maravilhoso! Magistral a maneira em que ele oscila em termos de perspectivas visuais.