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Fim

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Literature Text

Amei por amar os homens com quem dormi
Tomei-lhes o gosto com se toma ao vinho
Seduzi-os com poemas segredados em burburinho
Amei tão intensamente como sofri

Fui a mais devassa das amantes
Fiz-me um daqueles anjos errantes
Tive em troca o nada que sobrou de mim
Por amar amores como se ama sem fim

Fui a mais tempestuosa donzela
Vivi a vida desejando a morte por ser bela
Em pecados e em dores me consumi
E pelas dores e nos amores eu me perdi

Deram-me nome de flor
E à terra me retornaram
Quando pus fim a minha dor

E os poemas que em vida escrevi
Floresceram nos dedos dos amaldiçoados
Que no meu jardim de mágoas foram aprisionados

(homenagem a Florbela Espanca)
Li algures sobre um desafio literário (como se faz com os desenhos) e resolvi alinhar. Confesso que comecei pelo 100 porque costuma fazer as minhas provas todas do fim para o inicio. Espero que não me levem a mal :D

O tema número 100 foi o fim. Como era o fim (e eu tenho a mania de ser do contra) optei por fazer uma singela e, entenda-se que nada digna do talento, de uma das poetizas que me despertou a paixão pela poesia.
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Comments21
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DoceMel's avatar
Temos este gosto em comum: Florbela Espanca. Se bem que, desde as minhas aulas de Português no secundário, o meu trilho literário nunca mais lavrou terra, se não contarmos com frases científicas de factos reais. Infelicidades.
Este poema tocou-me também. É lindo. :)