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23.2 - Noite

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posso ouvir agora
num longe crescente
o bailado das estrelas

ensurdecendo o silêncio
com o brilho das almas
que há muito se foram

e como elas dançam
na imobilidade do céu
de pés no chão

e nos altos castelos
feitos de janelas
todos os bichos se escondem
com o rabo de fora

observam todo o fogo
que arde tocando a terra
em milhares de cores

e eu olho
fundo no negro dos olhos
daquela noite

e é o meu pequeno crime
o de andar só no meio de gente
observando quem me vê
escondendo-me do seu olhar

vim nua
ou vim branca
querendo ouvir os sinos

mas
é noite
e as torres da igreja
há muito emudeceram
(apenas as estrelas dançam)

o vento arrasta-se
agora para mim
nas folhas
nas ruas
nos prédios

anunciando
a doença das vestes
que tocam o chão
impuro

e os corvos
há muito se ergueram
gritando a minha chegada
pelos cantos dos dias

meu bem,
tenho em mim tanta noite
que  não há céu que a afaste
nem homem que a ilumine

e nem sei se vivo nela
ou se ela nasce em mim
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Comments8
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sumarlegur's avatar
a penúltima estrofe é muntu nitah.